4 de dez. de 2010

Reflexão




Talvez poucos me entendam...


mas sinto resquícios de vidas passadas


que me perseguem feito espectros


quando querem voltar aos corpos


recém abandonados...


É como se a areia esvaísse em feroz velocidade


pela ampulheta da vida...


levando o tempo e ignorando os desejos...


Não quero morrer me escondendo


atrás de respostas racionalizadas,


não quero me privar de mais nada.


Quero viver intensamente minhas emoções!


Libertá-las em palavras,


encontrá-las em ações,


eterniza-las em versos.


Me expor ao amor


como um banquete contínuo a ser consumido...


E no balanço final,


poder adjetivar minha vida


não por quantas vezes fui capaz de respirar...


e sim,


por quantas vezes fui capaz de perder o fôlego


junto à alguém.

Não mudo

Não mudo

para agradar ninguém!

Tenho vária faces..

Sua visão,

deturbada ou não,

enxergará a face que lhe convém.

Afinal,

que rosto que você tem?

Já que é ele que estampa

o reflexo do seu pensamento.

O seu julgamento ao me olhar,

é a apenas a tradução

da dimensão do seu pensar.

Tampando o sol com a peneira


Perdão...

Não consigo esconder

meu amor por você,

ele é grande demais!


É um sol

que irradia em meu ser,

que está além do querer,

que não cabe em mim mais...


Perdão

se toda a nossa arte

já não cabe em disfarce,

se estou dando bandeira.


Esconder

esse brilho no olhar

tem sido o mesmo que tampar

o grande sol com a peneira.

Adicta


Noites longas...

insônia...

abstinência infinita...

pensamentos desconexos,

preces de uma adicta.

Vem o dia...

A mesma aflição...

o ar pesa,

acelera o coração...

Só por hoje!

Só por hoje!

Controlar um vício

exige nervos de aço.

Então beijo outras bocas,

caio em outros braços...

Só por hoje abdico de você!

Tudo é vazio...

procuro esquecer...

Vem a noite...

abstinência infinita...

pensamentos desconexos...

preces de uma adicta.

Preciso voltar a viver...

Superar esta paixão!

Sou adicta de você

em processo de recuperação.

15 de nov. de 2010

Sambiose


Depois que a gente faz amor,
Ele canta um samba pra mim...
Me faz de pandeiro,
De tamborim...
Me deixa completamente tantã...
Ah!
Quanta percussão
É capaz de produzir meu corpo
Diante de suas mãos...
Sou sensível ao seu toque...
Rodopiando num samba-rock
Não consigo dizer não.
Me leva de novo pra cama,
Feito louco novamente me ama,
Depois compõe outra canção...

Desassossego


De tão presente,
Preenche.
De tão ausente,
Latente.
Tanto enredo,
Desassossego.

16 de set. de 2010

Ao Sarau da Ademar


“Paz na terra aos homens de boa vontade”...
Mas qual é a boa vontade aceita pela sociedade?
Apoiada pelo governo?
A paz da inércia de um domingo alienado à televisão?
Comprando idéias capitalistas,
Sonhos ilusórios,
Corpos perfeitos rebolando,
Nutrindo a imaginação?
Qual é a boa vontade oculta nessa intenção?
Propósitos pacificadores de manipulação?
Ditar o que é bom,
O nosso querer,
O nosso pensar,
Controlar a nossa ação...
As grandes conquistas foram ancoradas
Nas atitudes de homens com real boa vontade...
Rebelados contra a mentira da paz imposta.
Vomitando verdades que a história oculta.
Preconceitos,
Diferenças,
Descaso,
Indignação...
Chama a polícia pra esses baderneiros!
Quanta boa vontade há em nossa sociedade...
Cultura que não provém da televisão,
Agora é coisa de ladrão!
Gente que quer roubar a atenção,
Traficantes de conhecimento,
De liberdade de expressão!
Munidos de armas que disparam palavras
Ao invés de tiros...
Da luta eu não me retiro!
Paz para quem não se mexe,
Guerra!
Para quem faz e acontece.


Parabéns Sarau da Ademar!

3 de set. de 2010

Poema discreto


Entre oscilações
de calor e frieza,

persiste o medo,

o risco,

a incerteza...

Mesmo assim...

sou presa,

enriquecida do seu pouco

distribuído com tanta destreza.

29 de ago. de 2010

... ? ... ! ...



Queria ter dito não,
Poder resistir,
Ser a voz da razão!
Confirmar a minha mágoa,
A minha dor,
Minha solidão...
Dar desprezo a você.
Mas não,
Fui desdizer...
Confirmar o meu amor
E em êxtase desfalecer...
Pra encontrar-me atormentada
Pelo alivio de lhe ter...

27 de ago. de 2010

Xeque-mate


Em mim
Se fez xadrez...
Um misto de partes
Brancas e pretas
Que quadriculam minha alma.
Hora luz,
Hora trevas...
Peões, bispos, cavalos...
Coadjuvantes sem pressa.

Arrasto peças...
Hora luz,
Hora trevas...
Coração lúdico.
Sou Rainha de mim.
Da torre vejo tudo!
Nada é como parece...
Meu Rei,
Está em xeque.

20 de ago. de 2010

Barco a vela


Sou barco a vela perdido no mar...

Sei que muitos portos me esperam atracar.

Não há terra à vista...

nem farol pra me guiar.

Sigo confusa,

perdida,

deixando o vento me levar.

5 de ago. de 2010

Calmaria


Meu coração anda calmo,
Sereno...
Eu que sempre andei sem freio,
Hoje,
Navego nas águas de um rio tranqüilo...
Para onde vou?
Não tenho certeza...
Vou seguindo o curso do leito,
Arrastada à correnteza.
Essa calmaria toda
Assusta-me.
Meu espírito aventureiro
Acostumou-se com o mar tempestuoso.
Agora,
Anseio
Por uma pororoca
Em mim.

4 de ago. de 2010

Luz no fim do túnel


Há uma esperança
Em meu coração!
Embora ainda prevaleça
O medo da escuridão,
Sigo...
Porque vejo luz em você.

Faz parte...



Paradoxalmente a dor
Brota de um raio de alegria...
Assim como uma manhã clara de sol
Que nos ilumina, aquece, contagia...
Mas diante do ciclo da vida,
O dia torna-se noite,
Assim como a noite precede o dia...
E nas etapas do amor
Também é preciso enfrentar a noite
E esperar o dia acontecer...
Às vezes ele não vem da forma que esperamos;
Amanhece nublado, chuviscando...
Mas ainda é preciso crer em um novo amanhecer,
Pois como disse um grande poeta:
“O amor só é bom se doer.”
E mesclando dor e felicidade,
Encontros e saudades,
A vida ensina a gente!
E é assim que seguimos essa caminhada
Evolutivamente.

3 de ago. de 2010

Prêmio: "Meu blog tem conteúdo"

http://meublogtemconteudo.blogspot.com/

Agradeço a Equipe do “Meu blog tem conteúdo”, pela premiação e pelo privilégio de fazer parte da lista dos melhores e mais prestigiados blogs culturais do Brasil.
Valeu!


17 de jul. de 2010

Canto à Liberdade!


Todo ser é dotado de um Universo livre!
Ninguém é dono de ninguém.
Só a liberdade compreende o sentido da vida,
Colocando à prova,
A capacidade estrutural do ser humano,
Despontando o real conhecimento sobre si mesmo.
A possessividade é o traço da insegurança,
O desvio moral da autoconfiança,
Onde o medo é capaz de sufocar outro ser,
De ditar, refutar, enlouquecer...
Quero liberdade de ir e vir,
Liberdade para amar,
Para expor o que eu sentir!

18 de mai. de 2010

Eu flor


Flores novamente...
Para ele: prova de sentimento;
Para mim: puro ornamento.
Não que eu não tenha ficado contente,
Flor arrancada da planta
Por um momento alegra,
Encanta...
Mas sem raiz vai para dentro d’água...
Leva uma vida curta,
Molhada,
Murcha...
E nunca mais se levanta!
Me sinto flor arrancada da planta.

10 de mai. de 2010

Trago


Trago na memória
Lembranças sujas
Da nossa história.
Trago...
Toda a fumaça podre do passado
De um país explorado,
Saqueado,
Catequizado,
Aculturado...

Trago...
Toda a fumaça podre do passado
De política escravocrata...
Libertação!
A miséria é um câncer que se alastra.
Democracia?!... Tardia...
Constituição...
As bitucas se espalham pelo chão...
Sujeira,
Poluição.

Trago...
Toda a fumaça podre do passado...
Direitos outorgados
Cassados,
Censurados...
Política de Estado Novo...
Ditadura para o povo!
Nação desesperançada
Espera por socorro...

Varre!
Varre vassourinha!
Varre as bitucas espalhadas,
Ajunta num canto da calçada
Onde tudo se espalha de novo!
Falta-me o ar...
Novo golpe militar!...

Trago...
Toda a fumaça podre do passado
Do medo instaurado,
De gente aprisionada,
Torturada,
Tragada...
De famílias esfaceladas,
Da liberdade cerceada...

Trago...
Trago toda essa fumaça presente...
Guardo tudo em minha mente
Pra não me esquecer do passado,
Do meu povo ferido,
Entorpecido,
Abandonado...
Jogado no abismo
Do capitalismo!

São promessas de um novo rumo...
O combate contra o fumo!
Mas ainda trago...
E me engasgo com o pigarro...
Enquanto todos os dias
O governo acende o seu ultimo cigarro.

8 de mai. de 2010

Um privilégio


Do outro lado do telefone,
Com um ar de saudosa
Uma voz manhosa
Me pede colo,
Desabafa os seus problemas...
Conheço bem sua personalidade,
Seus dilemas...
Foram anos de aliança
Transformados em amizade
E confiança.
Filhos como frutos
Das raízes fortes
Fincadas em fértil solo.
Também é repouso certeiro
Quando sou eu
Quem necessita de um colo.
Uma amizade verdadeira
Sem nenhuma segunda intenção.
Muitos não compreendem
Que hoje somos como irmãos.
Mas acreditem
Pois eu consigo
O privilégio de ter meu ex-marido
Como o meu melhor amigo.

6 de mai. de 2010

Minha verdade


Conheço a verdade irônica
De quem não abdica.
As armadilhas...
Conheço palmo a palmo este terreno...
Já lutei nas mesmas guerrilhas.
Conheço o seu segredo...
A postura forte de auto defesa
Enganando os próprios medos...
Hoje acredito que nada é por acaso
E evito entrar em disputas...
Contra as forças do destino,
Não existe luta justa.
Prefiro seguir a minha verdade
Não que essa verdade seja a certa,
Mas tenho a plena convicção
De que quem ama, liberta.

5 de mai. de 2010

Saindo de cena


Viver é uma arte
E o espetáculo tem que continuar...
Encerro a minha parte,
Saio de cena.
Às vezes a morte do coadjuvante
É extremamente necessária
Para que a vida siga adiante
E tenha um final feliz.
A única cortina a ser fechada,
São minhas retinas cansadas.
A morte é solitária e fria...
Mesmo para quem só fez uso do amor,
Da verdade e da poesia.
Fim do ato,
Ora de partir...
Parto.
O romper dói...
Mas abdico desse amor
E humanamente ferida
Sigo o curso da história
Para não mexer com o script da vida.
Apenas
saio
de
cena
Encerrando meu ato
Com este sincero poema.

4 de mai. de 2010

Ecos


Há ecos de vozes em minha cabeça
Que não permitem
Que eu ouça a mim mesmo.
Projetam vultos,
Fantasmas que limitam minha caminhada...
As vozes não me levam a nada!
Dúvidas entre o ser e o não ser,
Querer ou não querer,
Fazer ou esperar acontecer.
Há ecos de vozes em minha cabeça...
Todas querem ditar as regras do bem viver!
Padrões,
Ideologias sociais...
Enquanto eu,
Sei que só preciso me ouvir mais.

2 de mai. de 2010

Amor aos pedaços


Enquanto seu amor
Vier em pedaços,
Feliz, me satisfaço!
Porque pedaço
É partilha,
Divisão...
Mas se um dia,
Só chegar migalhas
Em minhas mãos;
Esfrio,
Desfaço,
Rompo esse laço...
Porque migalhas
Não cabe a um amor honesto.
Pedaço é pedaço,
Mas migalha
É resto.

28 de abr. de 2010

Tempos difíceis


Seus olhos já não têm a mesma luz...
O ar... pesa...
E momentaneamente só o tenho de corpo presente,
Enquanto sua mente passeia por interrogações...

Tempos difíceis...
Lidar com a morte,
Contar com a sorte,
Fugir dos furacões...

A paixão existe...
Persiste...
Mas adormece
Como os vulcões.

Nostalgia


Saudades de quando me beijava inteira,
Apertava-me com eloqüência entre os seus braços
E declarava sua paixão por mim...
Saudades das noites de amor sem fim
Onde na guerra contra o relógio
A falta de tempo sempre nos vencia
E todo o tempo do mundo nunca nos era o bastante...
Saudades de quando ouvir a voz era importante,
Da paixão desenfreada
Nutrida a todo instante...
Saudades...
Daquele amor inquieto e delirante.

26 de abr. de 2010

Germinando a poesia


Falta-me o ar...
Falta-me o chão...
Tento me segurar,
Acalmar meu coração...

Acendo um incenso...
Busco a minha paz,
Busco meu bom senso,
Tento não pensar mais...

Mas a sina de um poeta
É sentir e não calar
Mesmo que não haja seta
Nenhuma pra orientar.

Transbordo essa ansiedade
Que não cabe dentro de mim,
Torcendo pra que a saudade
Nos seus braços tenha um fim.

Coração quente...
Mãos rápidas e frias...
E esse amor se faz semente
Germinando a poesia.

24 de abr. de 2010

A espera...


É estranha essa vida...
Eu que tenho ao meu lado
A espera do primeiro gesto de afeição,
Homens que não quero,
Mas que me tem paixão.
E eu aqui...
A espera de um telefonema,
Uma ligação...
Da única voz
Que me desperta tal paixão.
Espero,
Espero,
Espero...
E enquanto espero,
Sonho...
E quando sonho,
Me liberto!
E livre,
Amo!
E amando,
Continuo esperando.

Relativa geografia


Que periferia é esta
Em pleno centro urbano?
Homens, velhos e meninos
Condenados ao abandono...
Crianças cheirando cola,
Dormindo na calçada fria...
Que periferia é esta
Desafiando a geografia?
Porque será que todo centro
Tem um pouco de periferia?

3 de abr. de 2010

Molhada!


Desejei a tempestade
Sem pensar nas conseqüências...
Agora?
Paciência...
Eu queria molhar-me inteira!
Isso não se consegue
Só com nuvens passageiras...
Choveu!
Choveu com grande freqüência...
Aquela chuva forte, intensa...
Tempestade!
Amor tempestuoso...
Que gostoso!
Agora está tudo molhado...
Perigoso...

Caminhada


Caminho na noite
Como quem anda disperso...
Seguindo o horizonte,
Abraçando o universo.

Nas asas do pensamento

Sigo em busca dos meus sonhos
Revivendo meus momentos
Em cada verso que componho.

Não carrego nenhum segredo...

Só quero aproveitar a vida
Sentir-me por ela acolhida,
Desprender-me dos meus medos.

E se a alma gêmea existir
Vou descobrir onde ela se esconde...
No caminho do ser feliz
Eu só quero chegar longe.

21 de mar. de 2010

Encontro



Encontrei...
e finalmente me encontrei!
Depois de achar que não encontraria mais,
encontrei alguém e mais...
Me encontrei nesse alguém.
Eu sempre tão atrevida,
aventureira assumida,
me encontrei!
Embora esteja completamente perdida...
Minha perdição?
A paixão.
Mas eu me achei!
Me achei no reflexo de outros olhos,
num caminho que não era meu,
no inicio de uma primavera
chorando o amor que não floresceu...
Encontrei!
Talvez tenha sido encontrada...
Quem há de explicar o por quê
nos encontramos naquela estrada?
Nos encontramos!
E nos encontrando,
continuamos...
e eu me sentindo assim:
perdida...
achada...
Nunca me senti tão encontrada!
e a cada dia que passa,
fica muito mais forte esse laço;
porque só me perdendo em você,
é que eu realmente me acho.

19 de mar. de 2010

Não quero mais



Lhe falar do o meu amor?
Pra quê?
Meu amor apenas lhe envaidece...
e quanto mais explícitos e verdadeiros
são os meus meus sentimentos,
mais sua indiferença me atormenta.
Quanto mais seguro te faço,
mais descartável me sinto.


Lhe falar do meu amor?
Não!
Para mim chega!
Não lhe interessa mais o que sinto.
Chega de esperar pela sua boa vontade...
agora me sentirei à vontade
para me entregar à quem de fato me der valor.

Chega de esperar pelo seu amor!
Chega!


De hoje em diante
não mais desejarei sentir seu cheiro
a embriagar-me a alma,
não mais me importarei quando sorrir
e transformar em festa o meu silencio,
não quero mais sentir seu gosto,
sua palpitação
sua pele,
sua transpiração...
Não!


Preciso lhe tirar de mim,
dar um basta de pensar primeiro em você,
por um fim.
Primeiro eu caralho!
Chega de te amar loucamente,
incessantemente,
inconsequentemente,
Chega!
Chega desse amor doente!

Lígia



Finalmente compreendi
a dualidade Shakespeareana!
"Plumas de chumbo"
condizem com suas frases
fortes, soberanas...


Guerreira, doce, espontânea...
diz que não é poeta,
mas dispara versos
como quem atira flechas
e ninguém como ela interpreta!


Quando solta sua voz,
mostra-se leoa feroz,
rugindo para despertar
o sono dos alienados.

Detalhes



Pequenas coisas
fazem grandes diferenças...
Detalhes que aos desatentos
são quase imperceptíveis,
invadem a vida como cupins...
Muitas vezes,
quando percebidos,
já é tarde demais.
E não importa quão frondosa seja a árvore,
nem a profundidade de suas raízes...
Qualquer tempestade de vento
pode leva-la ao chão.

28 de fev. de 2010

Às vezes...



Às vezes o desânimo e falta de fé
tomam conta do meu pensamento
como ervas daninhas,
sufocando as flores dentro de mim...


Às vezes não vejo luz no meu jardim...
Tudo fica sombrio como noite sem luar,
E até posso sentir o orvalhar
como açoite cortando-me a alma...


Às vezes não existe calma...
O coração bate descompassado,
enquanto o semblante já cansado,
se põe a sorrir tentando disfarçar.


Às vezes,
fica muito difícil sonhar...

19 de fev. de 2010

Esquecer




Talvez esquecer seja tão complexo,
que a tentativa de esquecer
tenha o peso da lembrança
em todos os passos do esquecimento.


Talvez o esforço de esquecer seja tão imenso,
que a imensurável lembrança
se faça presente a todo momento.


E talvez, as lembranças estejam tão vivas,
que na morte de alguma delas,
os fantasmas permaneçam...
trazendo novamente a tona
a lembrança de tudo o que foi vivido.


Talvez o esquecer não seja um dom espontâneo.
Seja apenas um desejo momentâneo
de se estancar o sofrimento.

15 de fev. de 2010

E agora José?



E agora José?
O tempo passou,
a paixão não findou,
o sentimento aumentou,
alguém vacilou,
a casa caiu...
nada morreu,
até ressuscitou,
e o que não completava
hoje transbordou?

E agora José?
Hoje está dividido,
cerceado, oprimido
e sem a liberdade
nada mais faz sentido.
Quer sair,
não consegue
quer falar
já não pode
as paredes tem ouvidos
e as lágrimas te comovem...

E agora José?
A festa acabou?
Nada adiantou,
a dor aflorou,
a raiva surgiu,
o amor não bastou,
livrou-se da culpa,
mas não perdoou,
pensou em deixar,
mas no fim se entregou...

E agora José?
Escolher já não queres
ama as duas mulheres
e pra se completar
tenta conciliar?
Relaxa José...
Não sejas tão duro!
Não precisa de chaves
quando se está no muro.
Segue a marcha José!
Sabes exatamente pra onde.

14 de fev. de 2010

Desbravando



Percorro os caminhos sinuosos o seu corpo...
completamente perdida...
Sem limites,
sem saída...
Banho-me na cascata de sua saliva
e me permito queimar
nas constantes erupções de sua região vulcânica.
Me sinto rodopiar em um turbilhão
quando me deixo levar pela correnteza de suas mãos...
Morro sem ar,
perco o chão...
e renasço novamente,
desbravando os caminhos da nossa paixão.

Enquanto você dormia...



Eu sonhava acordada enquando você dormia,
tamanha a felicidade em meu coração!
E o seu roncar me soava como uma sinfônia,
era a trilha sonora da satisfação!


Sabia que assim que acordasse você partiria,
mesmo com toda a força da minha oração...
e na esperança de prolongar minha alegria,
fiquei armazenando o seu cheiro em meu pulmão...


O relógio avançava com voracidade,
como um ditador do tempo cruel e insensível.
Sobre mim debruçava o peso da saudade,


anunciando o fim daquela noite aprazível.
Desejei ter em minhas mãos a eternidade
E ver meu sonho de amor tornado possível.

Passageira...



No passado fui permanente,
mas fui passada para trás...
Por isso decidi ser passageira,
e não me apegar mais.

Segui meu caminho...
passageira...
Como quem sai de viagem
apenas apreciando a paisagem.

Parando,
curtindo,
experimentando,
e partindo...

Passageira...
Quando gostava muito de algum lugar,
Sentia a necessidade de partir
só pelo medo de desejar ficar.

Fugindo do amor...
Como quem pega o trem da vida clandestinamente...
E tem que pular de vagão em vagão
tentando fugir do bilheteiro...

E fiz do meu presente,
sempre passageiro...
Denominando meu medo
de auto domínio, auto confiança...

Sem apego,
sem parada,
sem destino,
sem aliança...

Hoje, traída pelo meu próprio desejo,
Tenho um coração que apenas obedece ao que sente...
Já não ouve mais a minha razão
e insiste em fazer de mim permanente.

Abandono



...mais um dia passou
sem um gesto,
sem uma palavra...
A noite passou...
e nenhum gesto,
nenhuma palavra...
E assim a madrugada também chegou
sem nenhum gesto,
sem ao menos uma palavra.
Outro dia nasceu,
o sol sorriu,
um pássaro cantou,
mas nada nutriu,
nada acalmou...
Outro dia passou
e mais uma vez
o silencio se fez.
Nenhum gesto...
Nenhuma palavra...
O coração constrangeu,
Uma lágrima rolou...
Meus dias já não são os mesmos
depois que o amor se calou.